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Os Cidadãos do Século XXI, por Ozires Silva

Crédito: Divulgação

Sob qualquer ângulo, se procurarmos entender o fantástico projeto da vida na Terra (se formos capazes para tanto), é possível dele extrair expressivas quantidades de exemplos. Entre muitos, um que ressalta é o princípio da diversidade. Não há duas pessoas iguais, ou mesmo as folhas de uma mesma árvore são iguais. Assim, é razoável que se questione a tendência, muito acentuada no Brasil, da padronização. É comum que, mesmo reconhecendo que cada um seja diferente de outro, nosso comportamento generalizado age no sentido de fugir ao caminho natural.

Seguindo as regras da Natureza, o futuro não será igual ao passado. Algumas condições poderão se repetir, possivelmente de forma diferente, mas, mesmo que se consiga a proeza de fazê-las iguais, não deveriam ser mantidas.

Por outro lado, os analistas dizem que estamos sob crises. No trabalho, nos choques dos estratos sociais, nas correntes migratórias, nos comportamentos sociais, no xenofobismo, na escalada da violência, na expansão do consumo, nos ainda existentes comportamentos políticos extremos, no aquecimento global, tudo realmente parece assegurar que a sociedade humana está em crise. Dizem que nas crises é que nascem novas soluções ou caminhos.

Assim, na forma de pensar, baseados na luta e conflitos sociais que impulsionam as conquistas humanas, surge a pergunta: QUEM SOMOS NÓS? Extraindo da visão aristotélica, poderíamos avançar que uma definição possível para o novo cidadão do século XXI seria a de animal político. Como no passado, se isolado, o cidadão não consegue ganhar e manter as condições necessárias para sua sobrevivência, da sua família ou mesmo contribuir, por um mínimo que seja, para a viabilidade da sociedade onde vive. Ou seja, nos novos horizontes das comunicações globais, as realizações pressupõem a liberdade ampla, o poder do debate, a discussão e o direito à fala, saltando de nossas fronteiras, como não se poderia até um recente passado.

O homem é um ser social e que precisa ser dotado de direitos fundamentais, capazes de lhe permitir ser membro ativo na sociedade. Assim, como agente social que é, deve ter assegurados direitos, como os políticos, sociais e econômicos, que o transformam em ator no variado processo da construção e do progresso. Mas, na imensa maioria dos países e regiões, o retrato do presente mostra um homem transformado em “coisa”, sendo usado como escravo, servo ou dependente do Estado, que ele mesmo permitiu existir!

A condição da cidadania é política, não uma política ideológica, mas aquela que é construtora da expressão humana. A cidadania do século XXI necessita de ética e de esperanças para que se possa lograr transformações de fato, que atinja a todos no presente e nas gerações futuras.

É preciso salientar que não se pode compreender o exercício da cidadania como uma condição estática, definitiva ou acabada. Ela é dinâmica e está em constante evolução. As transformações têm uma grande probabilidade de sucesso quando os cidadãos se empenham e fazem sua parte do seu processo.

Ao refletirmos sobre a nova cidadania do Século XXI, percebemos que ela é uma história da representação social e política da nossa cultura. Vivemos em crise, é verdade, mas afinal, quando o ser humano não esteve em crise? O ser humano sobreviveu a todas as crises às quais já esteve submetido e (re)construiu o mundo no qual vivemos. E as perspectivas deste novo Século traz-nos a esperança de uma nova proposta humana! Temos que torná-la real!