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Tecnologia e Inovação, por Ozires Silva

Crédito: Divulgação

No final do Século XX, os tradicionais recursos básicos da produção – eleitos pelos economistas como sendo Capital e Recursos Naturais -, foram suplementados, ou substituídos, pelo Conhecimento.

 

As consequências disso já são claras. As nações ricas, ou em processo de enriquecimento, apresentam pautas de produtos distantes das matérias-primas que lhes dão origem e, muitos dos novos vencedores no mercado global da atualidade são até pobres em recursos naturais, como o Japão e Coréia do Sul.

 

A constatação atual é que encontraram rotas de crescimento e de progresso nas políticas da criatividade e da inovação, filhas diretas da geração do conhecimento. Enquanto isto os países periféricos, como o nosso, perderam ou estão perdendo terreno com rapidez na sua participação no bolo universal da riqueza econômica.

 

Quase tudo disto vem do fenômeno da ‘Inovação’, uma real mola mestra do sucesso dos segmentos produtivos de diferentes países. O mundo está definindo a Inovação como a ‘Criação’ que chegou ao mercado, ou seja, somente é inovador aquilo que foi produzido, distribuído e vendido.

 

 

Os produtos modernos se apresentam com alto conteúdo técnico e são sofisticados, além de complexos; passam por várias técnicas e conhecimentos, dificilmente dominados amplamente pelo criador da ideia ou do produto e, assim, são produzidos a custa de esforços sistemáticos, por equipes especializadas e com alto grau de competência, em organizações dotadas de recursos que os inventores e descobridores do passado jamais imaginariam ser possíveis.

 

Cremos que, muito mais do que discussões, devemos tentar medir os resultados dos esforços sistemáticos que se aplicam para atingir determinados objetivos. É neste ponto que parecem residir os maiores obstáculos para os crescentemente pesados investimentos requeridos para o lançamento de novos produtos ou serviços, isto é, como obter resultados dentro de períodos de tempo compatíveis com a disponibilidade dos recursos alocados.

 

 

Os riscos para empreender em direções inovadoras podem ser avaliados como grandes e a certeza do sucesso pode não ser maior. Em que pese tais obstáculos, parece não haver alternativa melhor do que manter um acelerado ritmo de inovação para uma empresa que deseja ser uma vencedora e conquistar posições no mercado mundial competitivo dos dias de hoje. Isto é mostrado pelo imenso empenho que as grandes (e pequenas) corporações têm colocado nas atividades de Pesquisas e Desenvolvimento (P&D), numa época em que os consumidores, cada vez mais, lutam para gastar menos, mas aceitam novos produtos quebrando a fidelidade tradicional às marcas longamente estabelecidas no comércio.

 

 

Um dos fenômenos mais importantes da globalização, e que por vezes dele não nos apercebemos, é que os consumidores estão se desnacionalizando progressivamente. Mesmo nos Estados Unidos onde, até há uns 20 ou 30 anos, eram um país de produtos 100% nacionais, hoje enfrentam pesados déficits no comércio exterior, constatando atônitos a invasão de produtos provindos de países “overseas”!

 

 

É por esta razão que as empresas mais inovadoras, sem dúvida as de maior sucesso no mercado mundial – a despeito das crescentes somas de recursos financeiros alocados pelos Governos para P&D -, insistem em aumentar de maneira quase que assombrosa os seus orçamentos para novos desenvolvimentos, envolvendo produtos novos, fabricados sob o clima da inovação, com crescentes níveis de qualidade e a preços cada vez menores, graças aos paralelos ganhos de produtividade.

 

 

Infelizmente no Brasil, pesando nossas tradicionais dificuldades para se ter números confiáveis, não sabemos o quanto as empresas privadas investem em novos conhecimentos, técnicas e processos. No entanto, nos países mais desenvolvidos sabe-se que os recursos financeiros para a ciência e tecnologia são primariamente de origem privada e excedem aquilo que os respectivos Governos colocam no setor.

 

 

A prosperidade econômica das empresas não é um jogo de soma zero, uma vez que o sucesso de uma não implica no fracasso de outra. Ao contrário, a competição é direta e resulta em benefícios para o consumidor, gerando resultados econômicos para os participantes que levam ao crescimento do padrão de vida de um país e de sua população.
A emergência de novas e desafiantes tecnologias nos encaminha para uma transição importante que obriga as organizações a repensarem seus modelos e projetos de negócios. As grandes empresas que possuem recursos financeiros não têm mais garantido o primeiro lugar. Hoje em dia, uma organização pequena e flexível pode superar um grande competidor com o emprego de novos conhecimentos, padrões mais altos de qualidade e de produtividade, que lhe permitam oferecer bens e serviços aos clientes com maior rapidez e custo mais baixo.
No início de um novo ano, estamos no tempo de desafios no qual líderes deverão assumir suas posições e ousarem promover diferenças entre os costumes e comportamentos atuais para aqueles exigidos, e diferentes dos que vemos hoje! Já vencemos a primeira década do Terceiro Milênio e o que vemos é uma revolução em curso. Contudo, por aqui temos de nos preocupar, pois se não nos organizarmos melhor, estaremos sendo afastados de um futuro brilhante, cheio de realizações empolgantes, perdendo as oportunidades, agora abertas, para oferecer mais qualidade de vida a cada brasileiro.

 

 

Artigo divulgado no Jornal A Tribuna em 13 de Janeiro de 2013.