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Palestina: um só país, por Samir Keedi

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A Palestina é um dos problemas mais antigos da humanidade. Cuja solução parece impossível. E talvez seja. Ninguém mais tem idéia do tempo que se briga pela Terra Santa. Sendo reivindicada por palestinos, muçulmanos em sua maioria, judeus e cristãos ao longo do tempo. Sua história já pode ser considerada uma epopeia eterna. Que com certeza poderá ainda durar muito tempo. Ou eternamente. A continuar dessa forma, pode-se prever que nunca haverá ganhadores, só perdedores. Todos sem a menor ideia do que estão perdendo.

 

Mesmo que um dos contendores, palestinos ou judeus, seja vencido em batalha e colocado de joelhos, pode-se esperar pela reação após algum tempo. Parece que por lá todos são fênix e ressuscitam a cada parcela de tempo. Nesse momento, a parte mais fraca é a dos palestinos. E a forte, a dos judeus. Estes sempre protegidos e ajudados pelo Império. Somente os palestinos não percebem essa divisão de forças. E quem, no momento, é mais forte política e militarmente. Percebido isso, pode-se mudar a tática e seu modus operandi.

 

Qual seria, no momento, a grande solução para os palestinos? Sem dúvida, a da educação. Tivessem iniciado uma ação inteligente em 1948, hoje as coisas seriam diferentes. Mas, uma vez que isso não foi realizado, e os recursos foram desperdiçados em ações inúteis, pode-se começar agora uma nova ação.

 

Aliada à batalha da educação, os palestinos deveriam desistir, ao menos temporariamente, de ter seu próprio país. Com certeza, qualquer pedaço de terra que se lhes dê, nela não estará inclusa Jerusalém. O pivô da épica batalha, e do desejo declarado. Aliás, de ambas as partes. Possivelmente, se Jerusalém fosse declarada território internacional, administrado pela ONU, e não pertencesse a judeus ou palestinos, o problema seria menor.

 

Mas, isso não é provável. E ninguém, em sã consciência, se meteria em tal empreitada inglória. Assim, podemos esperar pela continuação das ações bélicas. Que são pouco inteligentes, sem qualquer chance para os palestinos. Qual é então a chance dos palestinos, se desistirem de um país? Todas, e maiores que as de hoje, se, claro, agirem com inteligência.

 

O segundo ato inteligente – o primeiro é começar a cuidar da educação, conforme já mencionado – é os palestinos, pura e simplesmente, cessarem qualquer ato bélico. Aceitarem a supremacia dos judeus (escoltados pelos norte-americanos) sobre Jerusalém e a Palestina. Devem conviver lá como simples habitantes. Não conseguimos vislumbrar quão vergonhoso isso possa ser, e entendemos que não é. No Brasil, por exemplo, se vive tranquilamente com as diferenças. Com os mais diferentes povos, nacionalidades, idiomas etc. Aqui, todos são brasileiros, ponto final. Uma terra para todos.

 

O terceiro ato inteligente, caso isso não seja aceito pacificamente, é aceitar a situação temporariamente. Os palestinos podem criar um partido político, ou mais. E disputar eleições. Com um partido político, pode-se ir crescendo e ganhando força e, com o tempo, provocar uma alternância no poder, ora os judeus ora os palestinos. Com o tempo, e com algumas vezes no poder, pode-se ir mudando o necessário para criar as condições dignas de boa convivência. Que permita aos palestinos se desenvolverem. Sem conflitos. Com as energias, e em especial os recursos, sendo canalizados para ações úteis.

 

Paulatinamente, notar-se-á que a melhor forma de se ter a Palestina, para os palestinos, é a convivência. E não importa que nome tenha a terra, Palestina ou Israel, conquanto se viva nela e lá criem seus filhos, estudem, plantem etc. Um nome é importante, mas é apenas um nome. Não necessariamente precisa significar alguma coisa.

 

E qual o efeito colateral desse desenvolvimento dos palestinos? Sem dúvida, ao longo do tempo, a predominância. Os palestinos, mais pobres, aumentarão sua população bem mais rapidamente dos que os judeus. O que é natural entre países pobres. A natalidade entre os países mais desenvolvidos é sempre menor, e a História está aí para provar isso.

 

Assim, no futuro, a terra poderá ser, em realidade, dos palestinos, podendo ficar os judeus como uma população residual, bem menor, e com menos poder eleitoral. Com o domínio político, quem impedirá os palestinos de fazerem o que querem em sua nova terra. E mesmo procederem a uma mudança de nome?

 

Assim, palestinos, corramos atrás dos verdadeiros interesses. Explodir tudo e morrer não serve à causa. Apenas a Israel e aos judeus. Que assim veem os recursos e as vidas inimigas gastos inutilmente. O que para eles é perfeito.

 

Portanto, vamos atrás da verdadeira batalha. A manutenção do povo vivo. E voltando a nascer palestinos. Pois hoje eles são apenas descendentes, já que a Palestina não existe. Não se pode nascer naquilo que não existe. Assim, são apenas israelenses, jordanianos, sírios, libaneses etc. Em frente, em busca do sonho, do futuro perdido lá atrás.

 

George Herbert: “A dedicação dá aos nossos sonhos as asas para se erguerem e a força para voar”.

 

Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

 

Samir Keedi: “Você não precisa ser um Leonardo da Vinci, mas pode ser um você muito melhor”.

 

Artigo divulgado no jornal DCI em 30 de janeiro de 2012

 

Samir Keedi é economista, especialista em transportes internacionais, professor e autor de vários livros sobre Comércio Exterior, Transporte e Logística.

 

Foto: Divulgação.