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A Competência Global, por Ozires Silva

Que o mundo mudou, todos concordam. A partir das comunicações universais e instantâneas, a disseminação do conhecimento cresceu de forma significativa e o estoque disponível das informações passou a se agigantar, podendo exceder com eficiência a capacidade individual ou coletiva de uso. Os países que crescem e se desenvolvem usam esse estoque com particular êxito, criando uma competência que se constitui possivelmente no maior dos valores da atualidade.

 

Uma verdadeira revolução do conhecimento está presente na vida moderna e uma característica desse ambiente, agora global, é a crescente taxa de inovação, reduzindo drasticamente o ciclo de vida dos produtos.

 

Este cenário impregna na atualidade as estratégias para o crescimento econômico das regiões e dos países, incluindo alguns aspectos essenciais, como o estímulo a um maior desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico; o incentivo à educação, ao aprendizado contínuo e à especialização técnica, que figuram como itens fundamentais dentro deste contexto; bem como a necessidade de formar especialistas capazes de satisfazer as exigências o mercado de trabalho atual.

 

Infelizmente, atrasadas quando comparadas com outros países, em particular os emergentes, as políticas nacionais e as iniciativas no Brasil falharam e não proporcionaram bases para taxas de progresso compatíveis com as observadas em outras áreas do globo.

 

Nosso País, por exemplo, fica atrás quando o alvo de comparação são resultados das empresas dentro do nosso corrente ambiente nacional de negócios. Recentes constatações de equipes de estudo do Banco Mundial identificaram 80 variáveis críticas, coletadas entre 183 países, consideradas essenciais para o estabelecimento de regimes institucionais sólidos para o crescimento sustentado. Nossas posições nessa escala de comparações se mostraram em desvantagem e se alinharam como: – Parcos regimes institucionais e incentivos econômicos, sólidos, confiáveis e duráveis; – Insuficiente população educada e criativa; – Infraestrutura estrutural e de informação pouco dinâmicas; – Sistemas de inovações sem mecanismos garantidos de implementação.

 

Em todos os quatro pilares nosso país oferece deficiências. Quanto à educação foram destacados que: os resultados de matrícula no ensino fundamental, embora altos, têm sido pesadamente comprometidos pelos problemas das taxas de repetência e evasão; há insuficiências na quantidade de matrículas no ensino superior e isso claramente depende de custos, os quais se mostram distantes do rendimento médio do cidadão; a média de anos de escolaridade da força de trabalho e a alfabetização de adultos são diretamente insuficientes, construindo um débito social crescente.

 

Como conclusão, vem uma pergunta básica e importante: o que fazer, diante deste cenário de insuficiências? O Brasil, diferente dos novos emergentes, vem se complicando. Produz uma quantidade de regras e regulamentos que se alteram em demasia e mudam os cenários para os investimentos de maneira abrupta e pouco estável. Nossos indicadores não são equivalentes aos encontrados no mundo bem sucedido, especialmente os relacionados com a responsabilidade governativa, estabilidade política, qualidade regulatória, regras e volumes da corrupção. Tudo isso precisa ser cuidado e, embora o país necessite fazer progresso nos quatro pilares mencionados, os mais importantes parecem ser os do Regime Econômico e Institucional e da Educação.

 

Artigo divulgado no jornal A Tribuna em 25 de março de 2012