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A aposta em maiores velocidades, por Ozires Silva

Há uma pergunta prontamente respondida pelos passageiros aéreos de longo curso sobre a duração do voo, que se sentam por 12 horas num jato para voar, por exemplo, do Brasil para Paris. Eles respondem que não gostam, esquecendo-se que, por qualquer outro meio de transporte, esse período de tempo apareceria multiplicado por muitas vezes mais.

 

E se perguntam se as modernas aeronaves de hoje poderiam ser substituídas por outras mais velozes, que, de forma acentuada, pudessem reduzir os tempos atuais requeridos para as viagens.

 

O mundo moderno se caracteriza por quebras de paradigmas e a realidade mostra que, ainda agora e se o destino for até o Extremo Oriente, incluindo-se escalas, bem mais de dois dias de viagem serão requeridos, transformando o percurso num programa cansativo e pouco apreciado pelos usuários.

A Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) procura responder a pergunta e assinala acreditar que as velocidades atuais, girando em torno dos 900 quilômetros por hora (Km/h), podem dobrar, chegando a 2.500 Km/h. E acrescenta ser possível utilizando-se as tecnologias existentes e a custos de operação da ordem de 20% menores do que os atuais.

 

Assim, afirmaram e afirmam que isso é possível, fazendo uso de materiais mais leves e de maior resistência, conceitos de projetos estruturais mais avançados, motores equipados também com metais capazes de trabalhar em temperaturas mais altas, além de um sem número de hipóteses que se baseiam no que já existe.

 

No momento atual, a rentabilidade econômica das operações do transporte aéreo está na alça de mira. Os custos estão crescendo e, embora a demanda também esteja em desenvolvimento, os preços das passagens, clamam os operadores, precisam ser ajustados às realidades correntes.

 

A proposta de voar a grandes distâncias e em altitudes mais altas parece ser essencial. Por outro lado, também se sabe que maiores velocidades aumentam a produtividade do voo, aparecendo como contribuição para baixar o seu custo total. Mas tudo isso, infelizmente, não compensa o crescimento do custo operacional direto provocado pela maior quantidade de combustível queimado.

 

Sem dúvida, a velocidade tem um grande apelo comercial e isso pode ser utilizado para justificar e compensar outros custos. Os desafios do transporte aéreo, fora do avião e de seu voo, têm ainda os gravames criados pela operação em terra, dos aeroportos, da proteção ao voo, da distribuição e comercialização em geral, tudo crescendo com custos apreciáveis e rapidamente.

 

Uma quebra de paradigma pode trazer uma mudança no cenário atual: a dos voos sub-orbitais, percorrendo trajetórias parabólicas e sub-orbitais, capazes de vencer grandes distâncias sobre a Terra, a velocidades que podem chegar a 30 mil Km/h. Por exemplo, uma viagem do Rio de Janeiro a Tóquio, inclusive aceleração e desaceleração não deveria levar mais do que duas horas, ou pouco mais.

 

Embora a tecnologia para planejar e executar tais voos estejam ainda limitadas por aspectos práticos, como o tipo de aeronave que acomode os passageiros, a quantidade deles que se poderia transportar, o grande consumo de combustível necessário e outras dificuldades a superar, retardam a adoção dessa nova forma de voar, em torno de 100 ou pouco mais quilômetros de altitude. Mas, sem dúvida, a vontade pela velocidade poderá um dia tornar tudo uma realidade. Hoje, são sonhos, mas, como sabemos, tivemos sonhos no passado que hoje estão nos aeroportos mundiais.

 

Artigo divulgado no jornal A Tribuna em 06 de maio de 2012.