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Um pouco de estratégia não faz mal, por Ozires Silva

O mundo está mudando e com surpreendente velocidade já em vigor no novo Século XXI. Sob acelerações novas, avançamos na sua segunda década, na qual intensificam-se previsões para o futuro e formulações estratégicas, nas quais a maioria está consciente sobre as mudanças que continuarão acontecendo e muito possivelmente com velocidades ainda maiores do que aconteceu até agora.

 

Há uma unanimidade. Todos aceitam que já vivemos na Era do Conhecimento, graças à circulação das informações, à crescente complexidade dos produtos e equipamentos que nos cercam, o nível disponível das memórias dos computadores da Tecnologia da Informação, tudo certamente já excedendo a capacidade individual ou coletiva de captação e de uso com eficiência.

 

Muitas pessoas de diferentes países parecem olhar para tudo isso, como que dizendo: “Não estou entendendo nada!”. E há razões para isso, pois a quantidade de novidades que nos atingem, com expressiva frequência, justificam as grandes mudanças que nos afetam, direta ou indiretamente.

 

A afirmativa se repete: o mundo mudou! E não volta ao passado! São novos tempos e desafios. Parece ter chegado o momento das correções que, diferente da ascensão, provocam dores e sacrifícios, passando por perdas, com as naturais disputas políticas que tornam a caminhada mais aguda.

 

Uma verdadeira revolução do conhecimento está presente na vida moderna e a característica básica desse real fenômeno é a crescente taxa de inovação que empolga os empreendimentos. A consequência é constatada pelo aumento da competição entre os produtos, reduzindo a vida de tudo quanto vai ao mercado. O que está nas prateleiras é substituído por algo novo em prazos surpreendentemente pequenos. Assim, está sendo demonstrado que o crescimento econômico das regiões e dos países passa pelo conhecimento científico e tecnológico. Mas não ficaram por aí! Estão usando esses conhecimentos para montar soluções produtivas para os aplicarem, ocupando espaços das prateleiras internacionais, com algo que o consumidor quer, mesmo sem saber exatamente se deles precisa.

 

Neste contexto, aparece sempre a pergunta do porquê, em alguns lugares, novas soluções acabam por dar certo. Há países que crescem e se desenvolvem de forma diferenciada, outros não! Não sabemos se a competência seja um denominador comum para os vencedores, mas muitos atributos conduzem a ela.

 

Como no passado, agora no presente e mais no futuro, o nível cultural e técnico das populações ganhou ímpeto e, aqueles países que não construíram ambientes eficientes de educação de alto nível e de capacidade produtiva inovadora, de aprendizado contínuo e de especialização técnica, perderam importância.

 

O Brasil, diferente dos novos emergentes, dispõe de uma burocracia conservadora que vem se complicando. Quantidades de regras, normas e regulamentos, que se alteram em demasia, mudam cenários para os investimentos de maneira abrupta e pouco estável. Nossos indicadores não são equivalentes aos encontrados no mundo bem sucedido, especialmente os relacionados com a responsabilidade governativa, estabilidade política, qualidade regulatória e das regras, além da extensão dos casos identificados de corrupção. Tudo isso precisa ser revisto e, com coragem e velocidade, alterado. Embora, em alguns aspectos o quadro geral possa ter melhorado, claramente o país necessita avançar em pilares importantes, como os incluídos no Regime Econômico/Institucional e no da Educação abrangente e de qualidade, sob o manto de planejamentos estratégicos, longe da visão política que tanto necessitamos.

 

Artigo divulgado em 23 de dezembro pelo jornal A Tribuna