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Turismo no Espaço, por Ozires Silva

Crédito: Divulgação

Sempre existem pessoas que tentam o difícil e se empolgam com a realização de proezas que podem não ser acessíveis aos mortais comuns. Buscam a dificuldade e o impossível. Com isso ganham notoriedade e gostam das reações que percebem daqueles que não se encorajaram a tentar algo diferente.

 

Hoje, centenas de pessoas, muitas delas principiantes, estão se preparando para escalar o mais elevado pico do mundo, do Monte Everest. E não custa barato. São cerca de US$ 60 a 150 mil, dependendo do grau de assistência de pessoal externo que necessitam. Outros procuram descer às profundidades oceânicas ou caminhar no Polo Sul, enfrentando os ventos gelados num horizonte de frio intenso.

 

Nestes momentos, é lógico que os olhos se voltem para o espaço. E que realmente possa crescer o interesse para ver a Terra, do lado de fora da atmosfera. Mesmo para os mais céticos, a curiosidade supera o receio e estimula o desejo de estar de frente à bela imagem do planeta.

 

O espaço começa a aproximadamente 100 km de altitude e, desde que o russo Yuri Gagarin entrou em órbita como a primeira pessoa que teve aquela oportunidade, em 1961, até hoje, pouco menos de mil astronautas, com os custos cobertos pelas Agências Espaciais do mundo, chegaram a girar em torno da Terra. Todos que viveram essas experiências, com o sentido profissional ou sob objetivos científicos, regressaram e não mais são os mesmos.

 

 

As reações dos que regressaram do espaço, espalham-se e abrem espaços para alternativas que aguçam a curiosidade dos turistas, que naturalmente desejam flutuar em condições de gravidade zero e de ver a Terra como um gigantesco e belo globo isolado no espaço.

 

Para isso, os interessados têm de participar de uma decolagem que envolve estar no topo de um foguete ultra potente, enfrentar uma aceleração inicial de pelo menos 200 Km/h em apenas 5 ou 6 segundos e continuar subindo a algumas vezes a velocidade do som.

 

Por enquanto, ainda é uma aventura cara, estimada em uns US 10 milhões por pessoa, para entrar em órbita, em alguns casos, com um bônus, por exemplo, o de permanecer no espaço no interior da Estação Espacial Internacional por uma ou duas semanas. Os primeiros voos turísticos têm sido feitos pela capsula espacial russa Soyus, com foguetes lançadores apropriados. Uma das primeiras empresas empreendedoras de turismo espacial é russa, que, além de oferecer voos em órbita, está incluindo uma volta em torno da Lua, ainda sem considerar um pouso no nosso satélite.

 

No Brasil já há iniciativas de empresas que pretendem vender esse tipo de turismo espacial, embora não se tenha ainda conhecido qualquer compatriota que tenha participado de alguma experiência. Em 30 de março de 2006, Marcos Pontes – o primeiro astronauta brasileiro, partiu em direção à Estação Espacial Internacional (ISS) a bordo da nave russa Soyuz TMA-8,e, entre outros objetivos, carregava consigo oito experimentos científicos brasileiros para execução em ambiente de microgravidade. Retornou no dia 8 de abril a bordo de outra nave, a Soyuz TMA-7.

 

O mundo mudou e, como se poderia esperar,que o espaço poderia ficar de fora dos ousados e amantes das experiências inusitadas. Vale lembrar que houve uma autoridade inglesa que, durante os primeiros passos da aviação no Século passado, teria dito “o avião é uma máquina interessante, mas não tem grande valor”.

 

Artigo divulgado pela Revista Avião Revue em julho de 2012