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Lições da Rio+20, por Ozires Silva

A recém terminada Rio+20, Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável, promovida em junho, foi um acontecimento envolto por inúmeras ansiedades. Na atmosfera do evento havia a expectativa de que a Rio+20 pudesse transformar conceitos adotados na Rio92 em ações concretas para o desenvolvimento sustentável do planeta. Isso, infelizmente, acabou por não se confirmar.

 

Na Torre de Babel em que se transformou o Rio de Janeiro, como expressou a mídia local, ficou a constatação de que a Rio+20 representou apenas uma grande ação voluntária de aspecto global, que não vinculou obrigatoriedades e outras amarrações aos países envolvidos nas discussões. No lugar de um documento com peso internacional, ficaram apenas intenções, declarações.

 

Entretanto, nem tudo foi um fracasso. Fora do ambiente restrito a chefes e representantes de Estado, a Rio+20 teve o êxito de estimular uma parcela considerável da sociedade civil. Há muita gente interessada em sepultar de vez um posicionamento ainda atávico existente em âmbito mundial no tocante à sustentabilidade.

 

 

Do lado do Brasil, a presença da área preparada pela Prefeitura de Cubatão, dentro de um complexo da Conferência Internacional, mostrou as expressivas melhorias ambientais conseguidas pela cidade ao longo de quase 20 anos, graças aos esforços e investimentos do Governo Municipal e das empresas sediadas no Pólo Industrial. Mostrou que muito pode ser feito em relação ao tema. A presença de presidentes e diretores de várias organizações que participaram do processo exibiu que uma parceria do Governo com o setor privado pode produzir diferenças, e marcantes.

 

Por este motivo, as discussões e debates sobre o assunto devem ser contínuos. Mas não podemos ser morosos, considerando que o necessário é somente planejar, sugerir, imaginar… Devemos ter a inquietude para a realização, possuir o inconformismo para tornar reais ideias e planos que ostentem potencial para aprimorar a qualidade de vida e bem-estar de todos.

 

Neste contexto, apostar na educação é condição sine qua non para que tenhamos um futuro melhor para nós e futuras gerações. Se o ambiente em torno de uma sociedade não é estimulante para o surgimento de inovações e ações empreendedoras, deixaremos de formar brasileiros sábios e projetos com foco real no nosso desenvolvimento sustentável.

 

É por meio de uma sociedade educada, esclarecida, rica em conhecimento, que surgem oportunidades de inovação e fórmulas antes nunca imaginadas, capazes de beneficiar desde um pequeno grupo de pessoas até mesmo países inteiros. Peguemos o caso da lâmpada de LED, bastante enaltecida em um estande do abrangente pavilhão do Japão na Rio+20. Ela consome até 80% menos energia e dura 40 vezes mais que a tradicional lâmpada incandescente. Alguém tem dúvida que uma criação como esta só pôde nascer a partir de muita pesquisa, dedicação e, sobretudo, conhecimento? É apenas um pequeno exemplo de como a educação está relacionada diretamente com a tão importante sustentabilidade.

 

Enfim, a Rio+20 deixou algumas lições no ar: que existem países que sustentam um ar de desprezo para regras de sustentabilidade; que há parcela considerável de cidadãos, de todo o Globo, interessada em uma mudança postural de pessoas e Governos sobre esta temática; e, principalmente, que a educação é a parceira ideal para semear campos de renovação na forma como conduzimos nossa presença no mundo, favorecendo as condições de obtermos avanços sem ceifar as garantias de um futuro digno e melhor para as gerações vindouras.

 

 Artigo divulgado no jornal A Tribuna em 08 de julho de 2012.